06 November 2025

Emma Swift - "No Happy Endings"

Que, no exterior de todos os comícios do neo-facho, um carro com potente megafone lhe ofereça uma riquíssima banda sonora (V):
Emir Kusturica & the No-Smoking Orchestra - "Bubamara" (de Black Cat, White Cat, real. Emir Kusturica;, BSO; Goran Bregović)

05 November 2025

Lankum - "Ghost Town"

 
"Dublin folk miscreants Lankum have returned with a new, stand-alone single: a devastatingly powerful and otherworldly interpretation of The Specials’ 1981 number one, ‘Ghost Town’. The original single was a haunting and perfectly timed piece of social commentary, capturing the bleak national mood of urban decay, mass unemployment, and racial tension that culminated in widespread riots across Britain just as the song topped the charts. As Lankum state below, it feels eerily relevant to be referencing it yet again. The release, announced today by Rough Trade Records, is accompanied by a stunning, 8-minute short film. Directed by the renowned Leonn Ward and shot on location in County Wicklow with cinematography by Oscar-nominee Robbie Ryan (Poor Things, American Honey), the video is a haunting piece of visual art, reminiscent of Andrei Tarkovsky, that matches the track’s unsettling intensity" (daqui; ver também aqui)

02 November 2025

Mulheres ciganas (Alexandru Romano (1857-1916); Alois Hans Schram (1864-1919); Cecile Villeneuve; Orest Kiprensky) (II)
 




 
(sequência daqui) Bastante menos positivo é que, na posse de imenso e riquíssimo material de arquivo, o realizador Chris Smith pareça ter-se debatido com tal abundância que, pelo meio da estrutura inerentemente desordenada de algo que tenha a ver com os Devo, não tenha sido capaz de lhe achar um rumo melhor definido. Visualmente, o filme é um banquete: antigas atuações em concerto, participações televisivas, estranhos filmes curtos e gráficos animados que combinam com a estética caótica dos Devo. Parece um documentário editado por alguém preso numa máquina de jogos, o que. no caso, é até precisamente o ambiente adequado. Com menos de duas horas, poderá, ainda assim, ser necessário algum repouso após a sobrecarga sensorial. Mas não fica espaço para dúvidas acerca da influência que exerceram sobre gerações de músicos e artistas visuais, bem como a persistência da sua crítica ao consumismo e à conformidade. Mais do que um documentário musical, Devo capta a essência daquela arte que se encara como forma de resistência, oferecendo uma celebração da criatividade da banda e um alerta acerca dos tempos turbulentos que os moldaram.

01 November 2025

Que, no exterior de todos os comícios do neo-facho, um carro com potente megafone lhe ofereça uma riquíssima banda sonora (IV):

Taraf de Haïdouks - Balkan Gypsy Folk Music

29 October 2025

Contributo para a lei da nacionalidade

 
“Vim ao mundo, por acaso, em Portugal, não tenho pátria, sou sozinho e sou da cama dos meus pais, sou donde vos apetecer, sou do mar e sou do corpo das mulheres estranguladas nos canais” ("Descansa A Cabeça", Sérgio Godinho)

"Deixa o facho, especado, a falar sozinho"

Hoje, às 17h30, na SIC-Notícias, decidi inaugurar um novo passatempo nacional: "Deixa o facho, especado, a falar sozinho".

Nas democracias adultas, não há espaço para gentalha mentirosa.
Não há espaço para quem elogia ditadores que mataram, perseguiram, prenderam e torturaram adversários políticos.
 
Os democratas têm que começar a virar a mesa. A deixarem-se de punhos de renda e a fingirem que gente porca, odiosa e malcriada se pode sentar à mesma mesa que nós.
 
Se cada um/a de nós, que preza a Liberdade e se recusa à gritaria que visa silenciar a maioria, moderada e sensata, continuamos a permitir que haja crianças a ser alvo de "bullying" e pessoas a serem humilhadas em público.
"Cale-se!".
Vai mandar calar a Senhora tua mãe.
Habituem-se.
Querem mesmo jogar esse jogo?
"Two can play that game".
Os grunhos continuarão a grunhir. 
Mas nenhum/a de nós está obrigado a tolerar o ataque à verdade histórica e o elogio de regimes autoritários.
Vem daí!

Começamos este movimento nacional tão nobre quanto necessário: "Deixa o facho, especado, a falar sozinho". (Miguel Prata Roque)
 
 
(sequência daqui) E propunham uma - chamemos-lhe assim - visão do mundo que poderia resumir-se a "Os seres humanos estão a involuir". Inspirados por teóricos lamarckianos do século XIX e sua errática descendência tardia - H.G.Wells, personagens dos DC comics, Kurt Vonnegut ou H. P. Lovecraft -, o quinteto de Akron, Ohio, composto por por dois pares de irmãos, (Mark e Bob Mothersbaugh, Gerald e Bob Casale) e Alan Myers, retirariam o seu nome e a sua filosofia global desse conceito de "de-evolução/involução. Segundo o crítico de música Steve Huey, a banda "adaptou a teoria à sua visão da sociedade americana como um instrumento de repressão rígido e dicotómico que assegura que os seus membros se comportam como clones, marchando vida fora com a precisão mecânica de uma linha de montagem, sem tolerância para a ambiguidade" O documentário acompanha a ascensão da banda do estatuto de putos excêntricos de Akron a heróis de culto da cena punk dos anos 70 e, posteriormente, a estrelas da MTV. Ao longo do filme, recordamo-nos como o seu repertório não se resume a "Whip It" que, em 1980, se instituiria como o único verdeiro sucesso de vendas dos Devo (14º no Hot 100 da "Billboard"). Canções como "Jocko Homo" e "Beautiful World" surgem não como curiosidades bizarras, mas como críticas mordazes disfarçadas de música pop. Ao vermos hoje os vídeos da banda, com os seus desastrados cenários de cartão e coreografias espasmódicas, parece-nos menos um exercício de nostalgia e mais um momento de arte profética — como se, décadas antes, tivessem antecipado a cultura do TikTok. A teoria social da "de-evolução", seria uma ideia central no trabalho inicial da banda, que se caracterizava por um estilo agrestemente dissonante de art-punk que combinava rock com música eletrónica. (segue para aqui)
Arco de chuva